sábado, 22 de maio de 2010

Preguiça de pensar


Tenho crises existenciais assim como as de um artista que sabe da arte, mas não sabe pra que nasceu. Não conheço mais a cidade onde vivo e não conheço os pés que andam pelo seu chão. Não conheço meus próprios pés. Pés gélidos e anestesiados. Por onde andam você? Onde me levam desse jeito? Tomem suas decisões, pés indecisos! Guiem-me a um caminho tranqüilo onde eu possa desfrutar do bom e puro amor, dos bons amigos, velhos companheiros, do bom café e do cigarro que desce às vezes a rasgar tubos de minha sofrida e arranhada garganta. Permitam-me, pés, ser de tudo um pouco: ser aquela moça bonita sempre a ser salva pelo cavaleiro mais elegante da cidade mais distante, e permita-me ser também aquela que destrói romances montados, a que todos tem medo, a que todos respeitam.
Não sei que sou na minha pobre e humilde insignificância, e na minha rica e bela significância. Só sei que gosto de ser significante. Quero ser o significado de quase tudo ao redor do universo.
Não gosto de filosofar. Não gosto de filosofia. Não gosto de teóricos. Tomei raiva deles. Não acho que dependo de um deles para montar frases e teorias. Tenho preguiça de pensar. Tenho mesmo.

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